Os tipos textuais definem as características estruturais e gramaticais dos textos, ou seja, definem as estruturas sintáticas mais utilizadas, as classes de palavra com maior evidência, os elementos que compõem os tipos e o objetivo linguístico de cada categoria, o que cada tipo deseja expressar ao seu leitor. São os tipos narrativo, descritivo, expositivo, dissertativo e injuntivo, por exemplo.

Os gêneros textuais definem as formas de agir no mundo por meio dos textos, ou seja, caracterizam os modelos convencionalmente aceitos para exercerem algum tipo de ação social. Desse modo, definem o contexto de uso, o tipo de interlocutor, a função social, os tipos de linguagem etc. São exemplos de gêneros textuais: carta de solicitação, ata, publicidade, notícia, reportagem.

Gêneros e tipos se relacionam, pois, para materializar os textos em gêneros, é necessário mobilizar o tipo ou tipos textuais adequados para o objetivo. Desse modo, um texto pode apresentar a predominância de um tipo, como num romance predomina-se o tipo narrativo, ou apresentar uma mescla de tipos, como uma apresentação de PowerPoint, que pode utilizar textos expositivos, narrativos, argumentativos e injuntivos, a depender da necessidade do autor.

Para diferentes situações da vida, utilizamos textos como ferramenta de comunicação.

Exercícios resolvidos

Questão 1 – (Enem 2018)

Ganhou nova versão, revista e ampliada, o livro lançado em 1988 pelo galerista Jacques Ardies, cuja proposta é ser publicação informativa sobre nomes do “movimento arte naïf do Brasil”, como define o autor. Trata-se de um caminho estético fundamental na arte brasileira, assegura Ardies. O termo em francês foi adotado por designar internacionalmente a produção que no Brasil é chamada de arte popular ou primitivismo, esclarece Ardies. O organizador do livro explica que a obra não tem a pretensão de ser um dicionário. “Falta muita gente. São muitos artistas”, observa. A nova edição veio da vontade de atualizar informações publicadas há 26 anos. Ela incluiu artistas em atividade atualmente e veteranos que ficaram de fora do primeiro livro. A arte naïf no Brasil 2 traz 79 autores de várias regiões do Brasil.

WALTER SEBASTIÃO. Estado de Minas, 17 jan. 2015 (adaptado).

O fragmento do texto jornalístico aborda o lançamento de um livro sobre arte naïf no Brasil. Na organização desse trecho, predomina o uso da sequência

  1.  injuntiva, sugerida pelo destaque dado à fala do organizador do livro.
  2.  argumentativa, caracterizada pelo uso de adjetivos sobre o livro.
  3.  narrativa, construída pelo uso de discurso direto e indireto.
  4.  descritiva, formada com base em dados editoriais da obra.
  5.  expositiva, composta por informações sobre a arte naïf.

Resolução

Alternativa E. Como se pode observar, o texto busca apresentar e explicar, brevemente, o conceito da arte naif. Nos textos que buscam apresentar um tema, sem problematização ou defesa de um ponto de vista, encontramos o tipo expositivo.

 

Questão 2 – (Enem 2016)

Fraudador é preso por emitir atestados com erro de português

Mais um erro de português leva um criminoso às mãos da polícia. Desde 2003, M.O.P., de 37 anos, administrava a empresa MM, que falsificava boletins de ocorrência, carteiras profissionais e atestados de óbito, tudo para anular multas de trânsito. Amparado pela documentação fajuta de M.O.P., um motorista poderia alegar às Juntas Administrativas de Recursos de Infrações que ultrapassou o limite de velocidade para levar uma parente que passou mal e morreu a caminho do hospital.

O esquema funcionou até setembro, quando M.O.P. foi indiciado. Atropelara a gramática. Havia emitido, por exemplo, um atestado de abril do ano passado em que estava escrito aneurisma “celebral” (com l no lugar de r) e “insulficiência” múltipla de órgãos (com um I desnecessário em “insuficiência” — além do fato de a expressão médica adequada ser “falência múltipla de órgãos”).

M.O.P. foi indiciado pela 2a Delegacia de Divisão de Crimes de Trânsito. Na casa do acusado, em São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo, a polícia encontrou um computador com modelos de documentos.

Língua Portuguesa, n. 12, set. 2006 (adaptado)

O texto apresentado trata da prisão de um fraudador que emitia documentos com erros de escrita. Tendo em vista o assunto, a organização, bem como os recursos linguísticos, depreende-se que esse texto é um(a)

  1.  conto, porque discute problemas existenciais e sociais de um fraudador.
  2.  notícia, porque relata fatos que resultaram no indiciamento de um fraudador.
  3.  crônica, porque narra o imprevisto que levou a polícia a prender um fraudador.
  4.  editorial, porque opina sobre aspectos linguísticos dos documentos redigidos por um fraudador.
  5.  piada, porque narra o fato engraçado de um fraudador descoberto pela polícia por causa de erros de grafia.

Resolução

Alternativa B. O texto utilizado na questão conta a história do fraudador de documentos que foi preso por cometer erros de português. Durante o texto, o leitor tem acesso a um decorrer de tempo da vida criminosa desse autor, acrescentando-se a essa narração elementos descritivos que ajudam a construir os cenários nos quais o personagem principal atuava. Ainda que não se refira a elementos fictícios, e sim reais, pode-se mobilizar esses elementos a fim de compreender-se a função de cada um na construção geral da narrativa.

 

 

Fonte: https://www.portugues.com.br/